FRANÇA | www.heldervinagre.com

Helder Vinagre, nasceu em Aveiro, em 1959. Emigrou para França com idade de nove anos seguindo o seus pai e mãe que se instalaram nos subúrbios de Paris. Entrou para a escola e estudou para médico especializado em medicina geral que continua exercendo ainda hoje. Começou a praticar a fotografia com uma Kodak oferecida pelo seu pai, e comprou a sua primeira reflex em 1978, utilizando-o durante as suas férias em Portugal mais para lembrar o seu país e as suas paisagens. Passou a uma prática mais abundante após ter encontrado por acaso numa rua o grande fotógrafo humanista Robert Doisneau que o convidou a fotografar a vida que passa ao seu redor, orientado-o assim para a fotografia humanista mais conhecida hoje pelo nome de Street Photography.

Helder Vinagre foi o iniciador do colectivo Regards Parisiens en Junho 2011, agrupando amigos encontrados num fórum de fotografia, todos amadores de fotografia humanista e de Paris. Também publicou livros em auto-edição, realizou numerosas exposições das suas fotografias, e participa na organização do Festival de Street Photography de Paris, tendo convidado amigos fotógrafos portugueses na edição de Setembro 2017 para através de vídeos mostrarem uma parte da Street Photography portuguesa e dos talentosos fotógrafos portugueses. Também participa com sua exposição “Pénombres & Lumière” no desenvolvimento do conhecimento sobre a doença feminina endométriose, em colaboração com a associação ENDOmind.

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EXPOSIÇÃO: INSTANTES PARISIENSES

20141206_1DsMkIII_MG_5984 - Cópia© Hélder Vinagre

 Descobri a fotografia humanista graças aos conselhos de Robert Doisneau, que por acaso encontrei numa rua de um bairro suburbano. Com poucas palavras, com a sua grande gentileza, fez-me entender que o importante era a vida efémera que acontece á nossa volta. Essa vida desaparece, e mesmo frequentemente, sem rastro, sem ficar na memória colectiva.

Tais são as minhas motivações em fotografia. Tal é minha aproximação das pessoas dos seus habitantes, seus cantos e seus recantos. Gosto de passear, de observar as pessoas, os seus comportamentos, as suas vidas. Ser um espectador desta existência feita por essas pequenas coisas que fazem os nossos momentos fotográficos, mas também ser actor deixando eu mesmo um rasto de minha existência para a memória colectiva. Na minha fotografia, encontramos instantes parisienses, frequentemente longas pausas porque para observar também é necessário ter tempo. Esse tempo que dentro de alguns segundos, eu devolvo á posteridade. Gosto por isso de passear de manhã cedo, as auroras, pegando o pulso de Paris que lentamente se acorda devolvendo algumas horas de tranquilidade à agitação da vida urbana. Então lentamente, á medida que a vida renasce frenéticamente, sou cativado pelas vindas e idas dos passantes, pelas cenas de vida que invadem o espaço, por uma simples solidão na multidão e da qual eu extraio alguns milésimos de segundos de existência. Eu assim compartilho coisas simples através da minha fotografia, gestos simples da vida urbana, enquanto procuro o contacto com o outro mantendo a esperança de alguma troca de palavras fraternas. Por isso, eu não fotografo o infortúnio, a pobreza, a violência. Só me interessam estas pequenas coisas de uma vida comum que não sabemos ver mais, apertados pelo passeio furioso do tempo que desfila sem fim.

 

 

 

 

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