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Artista visual desde 2016 quando aos 53 anos iniciou na fotografia. Vive em Cuiabá (Brasil) onde desenvolveu um olhar que define ser ‘biopsicosócioambiental’ e que permeia sua produção artística. Antes, Farmacêutica Industrial, Mestre em Saúde e Ambiente, passou a frequentar cursos livres e tornar-se imagética. Atualmente, tem desenvolvido trabalhos com autorretratos e fotoperformance que abordam o ecofeminismo e os aspectos ligados à invisibilidade social da mulher, às pressões estéticas contemporâneas e à degradação ambiental.
Recebeu premiações: Primeiro lugar na categoria multimídia do FESTFOTO POA 2022; Primeiro lugar Feminist Photography ContestPERSPEKTIV_A 2022, Austria; Segundo lugar no Certamen Internacional deArtes Visuales HuellArts Digital 2021, Espanha; Prêmio MTARTES 2021 ArtesVisuais. Realizou exposições individuais e coletivas, nacionais e internacionais Festival Hercule Florence (2021), Foto em Pauta Tiradentes (2020), Bienal Black Brasil Art. Mulheres (in)visíveis (2019), Festival Internacional FestFoto Bolívia (2018) e FestFoto Porto Alegre (2018). Publicou em revistas e livros. Foi selecionada em editais Estadual e Municipal para desenvolver projetos com mostra fotográficas e instalações. Integra o Coletivo Literário Maria Taquara, neste último com foco na produção de poesia visual.
EXPOSIÇÂO: CÉU DE URUCUM
© Mari Gemma
Este projeto iniciou após o dia 10 agosto de 2019, o “Dia do Fogo”, quando a floresta amazônica foi incendiada, intencionalmente, por produtores rurais. Realizei o vídeo-performance “O futuro é um buraco no muro” como uma forma de expressar minha impotência. Um ano após, 5% dos culpados haviam sido punidos e a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado, biomas presentes no em Mato Grosso, foram novamente devastados pelo fogo. A cidade de Cuiabá, capital do Estado e centro geodésico da América do Sul, onde vivo há mais de 30 anos, tornou-se uma ilha circundada por fogo. Presenciei a vegetação ser inflamada criminosamente. Uma ideia de extinção pegando fogo e meu corpo com medo doía frente a morte do corpo floresta.
Durante o período das queimadas, fui ao Cerrado, no trajeto realizado pela Expedição Langsdorf (1827) e Hercules Florence (inventor da fotografia), que registraram a exuberante biodiversidade e geografia local. Após quase duzentos anos, percorrendo o mesmo caminho, fotografei as intervenções na natureza, realizei autorretratos e vídeo-performances, nos meses de agosto e setembro de cada ano, quando ocorrem o maior número de incêndios florestais.
O Cerrado inflamado, mostra o céu em tons vermelhos Urucum, espécie nativa medicinal, utilizada pelos índios e na culinária regional. Esta cor representa um sintoma desta doentia gestão ambiental, que privilegia o agronegócio e a mineração, em detrimento da sustentabilidade e justiça socioambiental, tão necessária ao Brasil e ao mundo. Em 2022, ainda queimamos nossas florestas, anunciando o funeral da nossa humanidade, resultado desta modernidade desenvolvimentista da qual somos vítimas e algozes.
Este trabalho foi selecionado em primeiro lugar na categoria multimídia no Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre 2022 (FestFoto POA