HOMEM CARDOSO | Portugal
António Homem Cardoso nasceu em S. Pedro do Sul, em 11 de Janeiro de 1945.
Aos 10 anos de idade foi viver para Lisboa, tendo iniciado aos 16 anos actividade como repórter fotográfico, colaborando em jornais diários e trabalhando na fotografia comercial.
Entre 1966 e 1969, cumpriu o serviço militar obrigatório como operador de foto-cine em diversas unidades militares.
Entre 1969 e 1974, colaborou como repórter nas principais revistas portuguesas de informação tendo efectuado reportagens em África e na Europa.
Entre 1974 e 1980, fotografou várias das campanhas políticas nacionais. Fez retratos oficiais de personalidades célebres. Trabalhou em campanhas publicitárias de produtos comerciais e fez exposições para multinacionais. Foi o fotógrafo principal de todas as revistas do grupo Intervoz (Casa Viva, Mulher D´hoje etc…). Colaborou em diversos Livros de Arte.
De 1980 até hoje, fez trabalhos para a Revista Espaço T Magazine. Foi co-autor do livro “Cozinha Tradicional Portuguesa”. Fez imagens para a XVII Exposição de Arte Cultura e Ciência do Conselho da Europa. Foi co-autor do livro “Oriente-Ocidente nos Interiores em Portugal”. Produziu capas de livros e de discos (Heróis do Mar , Rui Veloso , Trovante, Madre Deus, etc…). Fez genéricos de filmes e reportagens para a imprensa estrangeira sobre o património cultural português (B.B.C. , Der Spiegel, etc …). Ganhou o 1º Prémio (Elefante de Ouro) na 20ª exposição de Manifesto Turístico em Itália. Foi director de fotografia da Revista “Casa &Decoração”. Foi co-autor e editor do livro “Tratado das Grandezas dos Jardins em Portugal”, livro considerado ”O livro de Arte do Mês” pela Revista Francesa Vogue . Foi autor de dezenas de livros, entre os quais, “29 Janelas de Maluda”, “Sintra , A Paisagem e as suas Quintas”, “Navio Escola Sagres”, “O Retrato na Obra do Pintor de Luis Pinto Coelho”, “Almada Negreiros”, “Os Vinhos de Portugal”, livro que ganhou o prémio da OIV (Office International De La Vigne Et Du Vin) em Outubro de 1997, “50 Anos da Nato”, “Aldeias Históricas”, “Fátima Caminhos do Tejo”, “Os Caminhos de Santiago”, “Vila Nova de Gaia , Um Percurso de Modernidade” e “História da Casa Senhorial Portuguesa”.
Foi membro da Direcção de Sociedade Portuguesa de Autores, vice-Presidente da Associação Pirâmide/Ass. Internacional de Fotógrafos, director das Revistas Super Foto Prática 1997.
É o Fotógrafo Oficial da Casa Real Portuguesa.
RELAÇÕES
© Homem Cardoso
António Homem Cardoso nunca fotografou caras: interrogou almas. Àquilo a que se convencionou chamar o reino da desordem (ou seja: o omisso, o escondido da condição humana), ele opôs a beleza de uma particular moral em acção. Isso mesmo: os retratos de Homem Cardoso desenham o perfil oculto do retratado. Um desfile de personagens que se traduz numa imensa metáfora. Não são caras: são reflexos do que ocorre no interior dessas caras; imagens devolvidas da indecisão, da dúvida, do desconcerto, do assombro, da expectativa, mas também do júbilo, do regozijo e da esperança. Gente, é o que é. Cecil Beaton disse, certa vez, que fotografava olhos. E Yousuf Karsh que fixava o cepticismo. No primeiro, manifesta-se o desdém pelo horror e a luminosidade dos modos de ver. E aí estão, a provar o que afirmou: Coco Chanel, Marlene, Marilyn, Orson Welles. No segundo, uma espécie de intempérie, demonstrada na imponente galeria que apresentou à posteridade: Hemingway, Einstein, Churchill, Andy Warhol. Uma escola de imagens, um processo artístico e, claro!, uma ideologia que se continua, através de outras aventuras, de outras pesquisas e de outras correspondências.
Homem Cardoso sabe que a fotografia não é a arte que reproduz o imediato. Exactamente porque Homem Cardoso não separa a moral da estética e porque aprendeu que a fotografia, entendida como arte, deve ser o modo de pensar, mais profundamente, no ser humano, não como o ser humano se apresenta, mas naquilo que o ser humano oculta. «Je m’avance masqué». A famosa declaração de Descartes pode ser aplicada a essa espécie de visitação que António Homem Cardoso faz ao mundo dos outros. Sabedoria, razão, pesquisa, ternura e afecto – eis o que simboliza esta arte de governar o espírito e de compreender os homens nas suas imperfeições e nas suas dramáticas complexidades.
O que está patente nesta exposição não é, apenas, para ser visto: é para ser observado (quer-se dizer: com o olhar crítico), é para ser contemplado (quer-se dizer: com o olhar do apego, da afeição), tal como toda a obra de arte o exige. Não se trata de amar ou não amar. Trata-se, sobretudo, de entender – expressões comuns às formas de criticar e de apropriar. Uma aventura que dispõe da volúpia dos pormenores para falar da grandeza do coração.
Baptista-Bastos
Março – 2007
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