Museu Vivo do Franciscanismo
A presença franciscana no arquipélago dos Açores remonta ao tempo da descoberta e povoamento insular desempenhando um papel fundamental na construção de espaços, no acompanhamento espiritual, nas aventuras e desventuras dos primeiros habitantes.
A veneração dos ribeiragrandenses à causa de S. Francisco ficou bem patente com a fixação dos franciscanos no concelho e pela construção de três casas religiosas nas freguesias de Matriz, Conceição e Fenais d’Ajuda, respetivamente o Mosteiro de Jesus da Ordem de Santa Clara, os conventos de Nª Senhora da Guadalupe e Nª Senhora da Ajuda da Ordem dos Frades Menores.
O convento e igreja dos frades franciscanos, de invocação a Nª Srª da Guadalupe, foi fundado no século XVII (1613-1626) e, após a extinção das ordens religiosas em 1832, concedido, pela Rainha D. Maria II, à Misericórdia da Ribeira Grande que o transformou em unidade hospitalar.
Neste convento, em meados do século XVII, instituiu-se a Ordem Terceira da Penitência tendo esta um papel fundamental na organização de eventos processionais, representativa da prática dos rituais de paramentação das esculturas que integram o cortejo. Em 1664, Fr. Agostinho de Monte Alverne relata que os Terceiros da Ribeira Grande adquiriram uma imagem representando “Cristo Atado à Coluna” para padroeiro desta fraternidade, sendo construída, em 1689, uma capela para albergar o “Senhor Santo dos Terceiros” e que corresponde à nave lateral da igreja franciscana da Ribeira Grande.
Desta herança chega aos dias de hoje a realização anual da Procissão dos Terceiros cumprindo, no ano de 2013, um importante marco da sua história com a integração da respetiva coleção processional no acervo do Museu Vivo do Franciscanismo.
O Museu Vivo do Franciscanismo desde a sua inauguração, a 14 de fevereiro de 2013, é uma instituição que contribui para o conhecimento da identidade histórica do arquipélago dos Açores, materializada na dimensão evangelizadora, pedagógica, cultual e cultural da Ordem Francis
Museu Municipal da Ribeira Grande
O Museu Municipal da Ribeira Grande encontra-se instalado no antigo Solar de São Vicente Ferreira (ou Ferrer), na rua homónima, na freguesia da Matriz. Assumindo um carácter de instituição polinucleada, o Museu Municipal, encontra-se inserido na Rede Portuguesa de Museus (RPM), integrando um conjunto de unidades museológicas autónomas: Núcleo – Museu da Emigração Açoriana, Núcleo – Casa do Arcano e Núcleo – Museu Vivo do Franciscanismo.
A missão do Museu Municipal passa pela investigação, interpretação, conservação, divulgação e comunicação dos testemunhos da cultura tradicional ribeiragrandense e micaelense.
O acervo do museu é composto, essencialmente, por coleções de cariz etnográfico que abrangem variados aspetos sociais, económicos e culturais que permearam o quotidiano da história do concelho da Ribeira Grande. Deste modo, encontram-se expostas permanentemente no Museu Municipal as coleções dos ofícios tradicionais (cantaria, carpintaria, sapataria, tecelagem, chapelaria, barbearia, tipografia e adega/lagar), fruto de doações e aquisições por parte do museu; a coleção do Presépio Movimentado do Prior Evaristo Carreiro Gouveia, o mais antigo presépio movimentado dos Açores; a coleção da cozinha tradicional, que tenta reproduzir uma cozinha tradicional de uma casa senhorial micaelense; a coleção da farmácia Vieira & Botelho, oriunda de Ponta Delgada, com caraterísticas de Arte Nova; a coleção de azulejaria, que abrange os séculos XVI a XXI, composta por azulejos locais, regionais, nacionais e ibéricos; a coleção de arqueologia, composta por artefactos recolhidos nas escavações, efetuadas no ex-Mosteiro do Santo Nome de Jesus e em outros locais da cidade e, por último, a coleção de arte sacra, da qual se destaca dois elementos de feição barroca: o retábulo em cedro branco e imagem alada de São Vicente Ferreira, possivelmente, datada do final do século XVII.
O Museu Municipal possui duas salas de exposições temporárias que, ao longo do ano, acolhem produções artísticas de variadas temáticas e tipologias. O acervo em reserva é constituído por uma série de artefactos fruto, maioritariamente, de doações e aquisições. Todos os meses, o museu destaca uma peça deste espólio de forma a divulgar ao público um acervo que, em parte, foi adquirido através da comunidade, efetivando, assim, o seu papel de museu de identidade.
Enquanto organismo cientifico-cultural, esta instituição de memória procura salvaguardar e transmitir o património cultural material e imaterial do concelho da Ribeira Grande, preservando no tempo todo um legado que se perpétua na visita a esta casa, que, com este ensejo, abriu portas ao público no dia 29 de junho de 1985.